sábado, 15 de maio de 2010

O surgimento do Pampas

O Pampa, como bioma (IBGE 2004), é a reunião de formações ecológicas que se inter-cruzam em uma formação ecopaisagística única, com intenso tráfego de matéria, energia e vida entre os campos, matas ciliares (de galeria), capões de mato e matas de encostas.
Um pesquisador chamado Lindmann em 1906 fez a seguinte pergunta: "Por que tanto campo no RS se o clima é favorável à presença de florestas?"
Os Campos são ecossistemas naturais que já existiam quando da chegada dos primeiros grupos humanos há milhares de anos, conforme revelam dados obtidos a partir da análise de vestígios arqueológicos e de pólen e partículas de carvão em sedimentos. Devido ao clima mais seco e frio, apresentava uma composição de espécies um pouco diferente da atual, mas eram ambientes de pradarias com predomínio de gramíneas. Há cerca de 4 mil
anos teve início a expansão natural das florestas a partir de refúgios,
formando em algumas regiões as florestas de galeria e em outras, maciços
florestais, indicando mudança para um clima mais úmido, semelhante ao
atual, mas a paisagem manteve-se predominantemente campestre. Portanto,
os primeiros colonizadores de origem européia encontraram nesta parte da
América do Sul paisagens campestres, abertas, bastante apropriadas para
as atividades que aqui se desenvolveram. A história econômica e cultural da
região não poderia ser dissociada dessa paisagem.
Os períodos climáticos ocorreram entre 42.000 - 10.000 a.C. Desde a era gelo, as gramíneas dominam, indicando que o clima era frio e seco. Não havia árvores.
Distúrbios causados pelo fogo e pastejo são importantes nesses ecossistemas campestres, influenciando na diversidade de espécies, e em certa medida sendo essencial para sua conservação, mas o limiar entre uso sustentável e degradação devido a esses distúrbios ainda é insuficientemente conhecido.
O fato é que os primeiros colonizadores europeus encontraram um ambiente pastoril extremamente favorável aos herbívoros aqui introduzidos: vegetação herbácea resistente aos impactos dos dois principais elementos de distúrbio manipulados pelo homem, o fogo e o pastejo de mamíferos domésticos. Estima-se que a introdução de eqüinos e bovinos nos Campos Sulinos tenha ocorrido entre 1626 e 1628, com a instalação das Missões jesuíticas ao longo do Rio Uruguai. Ao longo deste processo de 380 anos de utilização deste ecossistema pastoril, não é a presença destes dois elementos de distúrbio que têm contribuído para a possível extinção de alguns importantes elementos de sua fauna e flora, mas a intensidade e freqüência com que tem sido utilizado pelo homem.
Foi apenas em 2004 que foi reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente como um bioma. Na verdade, sua biodiversidade havia sido ignorada por quase trezentos anos. Foi a porta de entrada para o gado através da região sul. A outra foi pelo vale do São Francisco, através dos currais de gado.
Agora o Pampa sofre uma ameaça muito mais grave: a introdução da monocultura de Pinus e Eucaliptos. Mais uma vez, portanto, se propõe um tipo de desenvolvimento econômico inadequado às características de um bioma.

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